Saúde dos Portugueses em risco!

Saúde dos Portugueses em risco!

09/11/2020, 19:30:00 UTC
Saúde Segunda Vaga COVID


O Volt não compreende a descoordenação e a falta de planeamento do Governo para a esperada segunda vaga da pandemia de COVID-19.


A primeira semana de novembro fica marcada pelo assumir do Governo de novas medidas urgentes de confinamento, perante um aumento dos números da pandemia já previsto pelos especialistas. Durante a semana, foram também (re)ativadas no SNS medidas drásticas que reduzem o atendimento não urgente a doentes não-COVID-19, perante a sobrecarga dos hospitais do SNS associada a este aumento de casos e consequente aumento do número de pacientes internados.


O Volt reconhece que vivemos uma situação excecional, que justifica todo o apoio ao Governo durante a primeira metade do ano, com o objetivo de remediar o possível e dar resposta a uma pandemia desconhecida até à data. Não sendo expectável uma vacina antes de 2021, e com o conhecimento científico acumulado sobre o COVID-19, era mais do que anunciada uma segunda vaga da pandemia este inverno, que viria novamente desafiar o SNS ou aproximá-lo da sua rutura. O Volt mostra-se, assim, incrédulo que a resposta atual seja dada sem haver um plano concreto, por via do que parece ser um conjunto de medidas descoordenadas, descontextualizadas e extemporâneas. O SNS mantém-se impreparado para assegurar a saúde dos portugueses, ainda em recuperação das falhas na assistência a doentes não-COVID-19.


O Volt considera grave que não haja um plano alternativo de assistência a doentes não-COVID-19. Sabendo-se das necessidades existentes, o recurso a toda a rede de cuidados de saúde privada e social está ainda perdido num debate ideológico, quando já era urgente em março/abril assegurar toda a capacidade da rede de cuidados de saúde. O Volt defende que isto pode ser feito preservando o interesse público, assegurando preços controlados ou recorrendo a uma requisição civil, justificada pelo tempo de exceção em que vivemos.


A gestão de casos COVID-19 continua desarticulada. Não se compreende a ausência de gestão centralizada e coordenada da capacidade de internamentos da rede de prestação de cuidados de saúde, levando a uma sobrecarga excessiva num conjunto de hospitais, sem haver uma estratégia de distribuição das necessidades de prestação de cuidados - mesmo dentro da rede do SNS. Recebemos queixas de pressão excessiva em vários hospitais, levando a um desgaste desnecessário dos profissionais de saúde, que devem ser primariamente protegidos nesta árdua luta (que se espera ainda longa). Ao mesmo tempo, as autoridades de saúde não foram capazes de se precaver em termos de recursos materiais e humanos para o seguimento de casos esperados numa segunda vaga. Há, inclusivamente, relatos da utilização de “post-its” para seguimento de casos clínicos, quando a maioria dos países Europeus faz uso de ferramentas digitais para este fim.

Apesar dos anúncios de disponibilização de novas verbas orçamentais, o Volt denuncia os relatos que temos recebido, que denotam a incapacidade de suprimir a falta de profissionais de saúde. Durante os meses de verão, não foram lançadas iniciativas para promover a contratação e formação de profissionais diferenciados nas áreas expectáveis de serem sobrecarregadas com uma nova vaga da pandemia, o que pode resultar numa lacuna grave de profissionais com treino adequado às necessidades de cuidados intensivos. Não foi feito o reforço de assistentes operacionais que permitam libertar os restantes profissionais de saúde especializados para todas as áreas, tanto COVID-19 como não-COVID-19, onde realmente a sua especialização faça a diferença.

O Volt deixa a proposta de o Governo considerar, por exemplo, os 2.797 médicos (dos quais 2.133 recém-formados) que podem, logo após a realização do exame de acesso à especialidade, ser mobilizados para apoiar muitas das tarefas de apoio assistencial (à luz de uma emergência nacional), num regime de semivoluntariado - à semelhança de como estes médicos, na altura ainda estudantes, intervieram durante a primeira vaga da pandemia.

O estado pandémico é utilizado para justificar todas as medidas de restrição da Economia, mas é ignorado para tomar as medidas necessárias onde são verdadeiramente indispensáveis e quando já há muito deveriam ter sido implementadas. Urge colocar as nossas energias a recuperar os meses de preparação perdidos pelo Governo no verão e garantir a capacidade do nosso SNS para responder a esta segunda vaga de COVID-19 - porque a saúde dos portugueses não se adia.